terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Amor Agapé - Parte 1

Amor Agapé - Parte 1
Trecho Extraído do Livro "O Monge e o Executivo" de James C. Hunter - Ed. Sextante

Ao final das nove badaladas, Simeão estava pronto para iniciar.

_Como avisei ontem, nosso tópico hoje é amor. Sei que talvez seja um pouco desconfortável para alguns de vocês.

Olhei par ao sargente, esperando testemunhar uma explosão, mas ele não chegou a fazer fumaça. Depois de alguns momentos de silêncio, Simeão continuo: - Chris perguntou ontem: "O que o amor tem a ver com isso?" Pois eu quero lhes dizer com muita ênfase que para comprender a liderança, autoridade, serviço e sacríficio é importante conhecer essa palavra importante. Comecei a entender o significado real do amor há muitos anos, ainda na faculdade. Eu estudava filosofia naquela época, e alguns de você podem ser surpreender, mas eu era um verdadeiro ateu.

_ Não é possível - Greg gritou. - O senhor Frade Renascido em pessoa, um descrente? Como pode ser isso, irmão?

Rindo, Simeão respondeu: - Porque, Greg, eu tinha estudado estudado todas as religiões e nenhuma me parecida plausível. O cristianismo, por exemplo. Eu realmente tentava entender o que Jesus queria dizer, mas ele continuava voltando à palavra amor. Disse para "amar seu próximo", o que imaginava ser possível contanto que tivesse bons vizinhos. Mas, para piorar as coisas, Jesus insistia em que amássemos "nossos inimigos". Para mim aquilo era pior do que absurdo. Amar Adolf Hitler? Amar a Gestapo? Amar um assassino? Como ele podia ordenar que as pessoas fabricassem uma emoção como o amor?Principalmente com relação às pessoas nada amáveis? Para usas suas palavras, Greg, "comigo não!".

_ Agora você está pregando, querido! - o sargento sorriu.

_ Então surgiu uma crise em meus paradigmas a respeito da vida e do amor. Uma noite, vários colegas e eu nos reunimos para tomar umas cervejas na taberna local. Um dos professores de línguas veio juntar-se a nós e logo a conversa mudou para as grandes religiões do mundo; até chegar no cristianismo. Eu disse algo com: "Sim, amar nossos inimigos. Que piada! Então tenho que amar um estuprador!" O professor de línguas me interrompeu dizendo que eu estava interpretando mal as palavras de Jesus. Ele explicou que, ao pensar em amor, eu estava confundindo sentimento com ação. Você sabe, a partir do momento em que tenho sentimentos positivos a respeito de alguma coisa ou alguém, posso dizer que os amo. Geralmente associamos amor com bons sentimentos.

_ É verdade, Simeão - a diretora concordou. - De fato, ontem à noite fui à biblioteca e procurei amor no dicionário . Havia três definições e eu as escrevi todas: número um, forte afeição; número dois, ligação calorosa; número três, atração baseada em sentimentos sexuais.

_ Você vê o que eu quero dizer, Tereza? O amor é definido um tanto mesquinhamente, e a maioria das definições envolve sentimentos positivos. O professor de línguas me explicou que muito do Novo Testamento foi originalmente escrito em grego, e os gregos usavam várias palavras diferentes para descrever o multifacetado fenômeno do amor. Se bem me lembro, uma dessas palavras era eros, da qual se deriva a palavra erótico, e significa sentimentos baseados em atração sexual e desejo ardente. Outra palavra grega para amor, storgé, é afeição, especialmente com a família e entre os seus membros. Nem eros nem storgé aparecem nas escrituras do Novo Testamento. Outra palavra grega para amor era philos, ou fraternidade, amor recíproco. Uma espécie de amor condicional, do tipo "você me faz o bem e eu faço o bem a você" Finalmente, os gregos usavam o substantivo agapé e o verbo correspondente agapaó para descrever um amor incondicional, baseado no comportamento com os outros, sem exigir nada em troca. É o amor da escolha deliberada. Quando Jesus fala de amor no Novo Testamento, usa a palavra agapé, uma amor traduzido pela escolha, não o sentimento de amor.

_ Pensando nisso agora - a enfermeira acrescentou -, parece bobagem tentar mandar alguém ter um sentimento ou emoção por alguém. Nesse sentido, aparentemente Jesus Cristo não queria dizer que nós devemos fazer de conta que as pessoas ruins não são ruins, ou nos sentir bem a respeito de pessoas que agem indignamente. O que ele queria dizer era que devemos nos comportar bem em relação a elas. Eu nunca tinha pensado nisso desta maneira.

A treinadora aparteou: - Claro! Os sentimentos de amor talvez passam ser a linguagem do amor ou a expressão do amor, mas esses sentimentos não são o que o amor é. Como Tereza disse ontem, "o amor é o que o amor faz".

_ Falando nisso - acrescentei - , eu percebo claramente que há ocasiões em que minha mulher não gosta muito de mim. Mas ela permanece ao meu lado, de qualquer modo. Ela pode não gostar de mim, mas continua a me amar e manifesta isso por suas ações e envolvimento.

_ Sim - o sargento acrescentou surpreendentemente. - Ouvi sujeitos me falarem muitas e muitas vezes o quanto amam as suas esposas. Eles falam isso sentados nos bares, caçando mulheres. Ou pais que se derrentem de amor pelos filhos, mas não conseguem separar quinze minutos do dia para ficar com eles. E alguns dos companheiros do Exército, que fazem grandes declarações de amor às garotas quando o que querem é ir para a cama com elas. Portanto, dizer e fazer não são a mesma coisa, não é?

_ Você pegou a idéia - disse Simeão sorrindo. - Nem sempre posso controlar o que sinto a respeito de outra pessoa, mas posso controlar como me comporto em relação a outras pessoas. Os sentimentos variam, dependendo do que aconteceu na véspera! Meu vizinho talvez seja díficil e eu possa não gostar muito dele, mas posso me comportar amorosamente. Posso ser paciente com ele, honesto e respeitoso, embora ele opter por comportar-se mal.

_ Acho que estou me confundindo, irmão Simeão - o pregador interferiu. - Eu sempre acreditei, ao menos tem sido meu paradigma que, quando Jesus disse para "amar seu próximo", ele estava pedindo para que tivéssemos afeto por ele.

_ Este é o Jesus que vocês pregadores inventaram para anestesiar as pessoas zombou o sargento. - Como é que você pode ordenar a alguém que tenha sentimentos positivos por alguém? Bom comportamento ainda dá, mas sentimentos positivos por idiotas é uma grande besteira!

_ Por que você tem que ser tão rude com as pessoas? - eu praticamente gritei.

_ Só estou dizendo como as coisas são, grande homem.

_ E geralmente, às custas de alguém - retruquei, esperando uma reação, mas Greg apenas me encarou.
Simeão caminhou em direção ao quadro e escreveu:


AMOR E LIDERANÇA


_ O Novo Testamento nos dá uma linda definição de amor agapé, que ilustra o que estamos dizendo. Essa passagem era uma das favoritas de Abraham Lincoln, Thomas Jefferson e Roosevelt. É sempre lida nos casamentos cristão. Alguém sabe a que me refiro?

_ Ah, sim! - respondeu a treinadora. - É a epístola aos Coríntiios, que fala das características do amor, não é?

_ Essa mesma, Chris - Simeão confirmou. - É o capítulo trezes. Diz, em essência que o amor é paciente, bom, não se gaba nem é arrogante, não se comporta inconvenientemente, não quer tudo só para si, não condena por causa de um erro cometido, não se regozija com a maldade, mas com a verdade, suporta todas as coisas, agüenta tudo. O amor nunca falha. Esta lista de qualidades lhes parece familiar?

Eu observei: - Parece com a lista das qualidades de liderança que apresentamos no último domingo, não é?

_ Muito parecida, não é John? - Simeão respondeu sorrindo. - Parafraseando a passagem dos pontos-chave, o amor é: paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, perdão, honestidade, confiança. - Ele escreveu cada palavra no quadro. - Em que lugar da lista vocês vêem um sentimento?

_ Todos me parecem comportamentos - respondeu a treinadora.

_ Você concordam que a linda definição de amor agapé, escrita há cerca de dois mil anos, também é uma bonita definição de liderança hoje?

_ Amor agapé e liderança são sinônimos. Interessante, muito interessante - o pregador pensou consigo mesmo em voz alta. - Sabe, na velha versão do Novo Testamento, agapé foi traduzido como caridade. Caridade e serviço talvez definam melhor agapé do que a definição de amor que se encontra nos dicionários.

Simeão voltou ao quadro e escreveu nossa lista de qualidades de caráter do domingo anterior, junto às palavras-chave.

AUTORIDADE E LIDERANÇA AMOR AGAPÉ
- Honesto, confiável - Paciência
- Bom modelo - Bondade
- Cuidadoso - Humildade
- Comprometido - Respeito
- Bom ouvinte - Generosidade
- Mantem as pessoas responsáveis - Perdão
- Incentiva as pessoas - Compromisso
- Atitude positiva, entusiástica
- Gosta das pessoas

Simeão continuou: - Depois do intervalo, eu gostaria de pedir a Teresa que trouxesse o dicionário da biblioteca para podermos definir melhor esses comportamentos. Acho que os resultados irão surpreender alguns de vocês. Estão de acordo?

_ Temos escolha? - o sargento perguntou.

_ Nós sempre temos escolha, Greg - respondeu Simeão com firmeza.







A DIRETORA ESTAVA COM O DICIONÁRIO aberto no colo, pronta para iniciar. - Simeão, procurei a primeira palavra, paciência, e ela é definida como "mostrar autocontrole em face da adversidade".
Simeão escreveu a definição.


Paciência - mostrar autocontrole


_ Deus, conceda-me paciência! - disse Simeão com um sorriso. - Será que a paciência, isto é, mostrar autocontrole, é uma importante qualidade de caráter para um líder?

A treinadora falou primeiro: - O líder deve ser exemplo de bom comportamento para os jogadores, as crianças, os empregados, ou quem quer que esteja liderando. Se o líder gritar ou perder o controle, podem estar certos de que o time também perderá o controle e tenderá a agir de forma irresponsável.

_ Também é importante - a enfermeira acrescentou - que você crie um ambiente seguro, em que as pessoas possam cometer erros. Se você bater num bebê que está aprendendo a andar cada vez que ele cair, o bebê ficará inibido e evitará caminhar para não se arriscar a levar outra surra, não é? Provavelmente ele irá sentir que é mais seguro engatinhar, com a cabeça baixa, sem se arriscar. Exatamente como alguns empregados amedrontados que conheço.

_ Ah, saquei - o sargento sorriu maliciosamente. - Se minhas tropas fizerem tudo errado, eu devo falar com muito jeito, sem ficar zangado. Sem dúvida vou obter muito sucesso agindo assim...

_ Eu acho que não é disso que estamos falando, Greg - a diretora retrucou. - O líder tem o dever de fazer com que as pessoas se responsabilizem por suas tarefas, apontando suas deficiências. No entanto, há várias maneiras de fazer isso, sem ferir a dignidade dos outros.

Eu me surpreendi dando uma opinião: - Em nossa organização, lidamos com voluntários, que são pessoas adultas. Não são escravos, nem animais que devemos açoitar. Nosso trabalho como líderes é mostrar-lhes a distância entre seu desempenho e o desempenho esperado pela empresa. Isto pode e deve ser feito de forma calma, respeitosa e firme. Não precisa ser uma bronca.

O pregador apropriou-se de meus comentários dizendo: "Disciplina vem da mesma raíz de discípulo, que significa ensinar ou treinar. O objetivo de qualquer ação disciplinar deve ser corrigir ou mudar o comportamento, treinar a pessoa, e não punir a pessoa. E a disciplina pode ser progressiva: primeira advertência, segunda advertência, aviso final e, por último, "você não pode mais fazer parte deste time".

_ Vamos continuar - sugeriu a treinadora. - Como o dicionário define a palavra bondade, Teresa?


Bondade - dar atenção, apreciação, incentivo



Simeão explicou: - Como a paciência e todos os traços de caráter que discutimos, a bondade fala a respeito da forma como agimos, e não comos nos sentimos. Vamos considerar a palavra atenção, para começar. Por que a capacidade de dar atenção aos outros seria uma importante qualidade de caráter para um líder?

_ Por causa do que aprendemos com o efeito Hawthorne - eu me surpreendi respondendo.

_ E o que é o efetio Hawthorne, Johny, velho companheiro? - o sargento me provocou.

_ Se eu me lembro bem, Greg, há muitos anos um pesquisador de Harvard, chamado Mayo, queria demonstrar numa fábrica da Western Eletric, em Hawthorne, New Jersey, que havia uma relação direta e positiva entre a melhoria das condições de trabalho e sua produtividade. Uma das experiências consistiu simplesmente em aumentar as luzes da fábrica. Constataram que a produtividade dos trabalhadores aumentou. Quando estavam se preparando para continuar a estudar outra faceta do ambiente de trabalho, inadvertidamente os pesquisadores diminuíram as luzes para não misturar as variáveis. Adivinhe o que aconteceu com a produtividade do trabalhador?

_ Diminuiu, é claro - respondeu o sargento parecendo chateado.

_ Não, Greg, a produtividade dos trabalhadores continuou aumentando! Portanto, o aumento da produtividade não foi causado pelas lâmpadas mais fortes e mais fracas, mas por alguém estar prestando atenção às pessoas. Isso ficou conhecido como o efeito Hawthorne.

_ Obrigado por compartilhar isso comigo, John - Simeão agradeceu. - Eu tinha esquecido esta história. Prestar atenção às pessoas foi o que importou. E eu acabei acreditando que, de longe, a melhor maneira que temos de fazer isso é ouvindo-as ativamente.

_ O que exatamente quer dizer ouvir ativamente, Simeão? - a enfermeira perguntou.

_ Muitas pessoas acham erradamente que ouvir é um processo passivo que consiste em ficar em silêncio enquanto outra pessoa fala. Podemos até nos considerar bons ouvintes, asm o que fazemos na maior parte das vezes é ouvir seletivamente, fazendo julgamentos sobre o que está sendo dito e pensando em maneiras de terminar a conversa ou direcioná-la de modo mais prazeroso para nós.

A diretora acrescentou: - Alguém disse certa vez que, se não soubéssemos que a seguir seria a nossa vez de falar, ninguém ouviria!

Simeão balançou a cabeça com um sorriso. - Podemos pensar quatro vezes mais rápido do que falamos. Por isso há muito ruído interno - conversação interna - acontecendo em nossa cabeça enquanto ouvimos.

Tenho que admitir que enquanto Simeão dizia essas palavras minha mente estava lá em casa pensando no que Rachel estaria fazendo naquele momento.

_ A tarefa de ouvir ativamente acontece em sua cabeça - ele continuou. - O ouvir ativo requer esforço consciente e disciplinado para silenciar toda a conversação interna enquanto ouvimos outro ser humano. Isso exige sacrifício, uma doação de nós mesmos para bloquear o mais possível o ruído interno e de fato entrar no mundo da outra pessoa - mesmo que por poucos minutos. O ouvinte ativo tentar ver as coisas como quem fala as vê e sentir as coisas como quem fala as sente. Essa identificação com quem fala se chama empatia e requer muito esforço.

A enfermeira acrescentou: - No centro neonatal, definimos empatia como presença total junto à paciente. Presença total não é apenas física, mas mental e emocional também. Não é fácil, principalmente quando há tantas solicitações externas puxando por você. É sinal de respeito estar totalmente presente com alguém que está dando à luz, ouvindo e adivinhando as suas necessidades. Nos primeiros tempos como enfermeira de maternidade, muitas vezes eu estava lá fisicamente, mas psicologicamente a quilômetros de distância. Quando estamos totalmente presentes, acho que os pacientes dos mais diversos níveis sentem a diferença e agradecem pelo esforço.

A diretora balançou a cabeça concordando: - Há quatro maneiras essencias de nos comunicarmos com os outros - ler, escrever, falar e ouvir. As estatísticas mostram que na comunicação uma pessoa gasta em média sessenta e cinco por cento do tempo ouvindo, vinte por cento falando, nove por cento lendo e seis por cento escrevendo. No entanto, nossas escolas ensinam bastante bem a ler e a escrever e talvez até ofereçam uma ou duas línguas eletivas, mas não fazem nenhum esforço para ensinar a prática de ouvir. E esta é a habilidade que as crianças precisarão usar mais.

_ Interessante, Teresa. Obrigado. - Simeão continuou: - E quais são as mensagens conscientes e inconscientes que enviamos às pessoas quando nos doamos e as ouvimos atentamente?

A enfermeira respondeu: - O fato de desejarmos colocar de lado todas as distrações, até as distrações mentais, envia uma mensagem poderosa à pessoa que está falando de que você realmente se importa com ela. Que essa pessoa é importante para você. É verdade, Simeão, ouvir é provavelmente nossa grande oportunidade de dar atenção aos outros diariamente, dizendo-lhes o quanto os valorizamos.

A diretora acrescentou: - No início de minha carreira, eu acreditava que meu trabalho era resolver todos os problemas de professores e alunos sempre que surgissem. Ao longo dos anos, aprendi que ouvir e compartilhar o problema da outra pessoa alívia sua carga. Há um efeito catártico em fazer-se ouvir atentamente por outra pessoa e poder expressar-lhe nossos sentimentos. Na parede de minha sala na escola tenho uma citação de um velho faraó egípicio chamado Ptahhotep, que diz: "Aqueles que precisam ouvir os apelos e gritos de seu povo devem fazê-lo com paciência. Porque as pessoas querem muito mais atenção para o que dizem do que para o atendimento de suas reinvidicações."

Simeão sorriu, aprovando: - Prestar atenção às pessoas é uma necessidade humana legítima, que não devemos negligenciar como líderes. Lembre-se, o papel do líder é identificar e satisfazer necessidades legítimas. Ainda me lembro do que minha mãe me disse há cinqüenta anos, no dia em que me casei com minha linda mulher, Rita, Deus tenha sua alma. Ela me disse nunca ignorasse minha mulher. Desconhecer este conselho na minha relação com Rita me pôs em maus lençóis mais de uma vez! Uma das principais tarefas do amor é prestar atenção às pessoas.

_ Pensando nisso - eu disse -, quando houve o movimento sindical na fábrica, me falaram muitas vezes que os empregados se sentiam como se os tivéssemos esquecido, que já não prestávamos atenção neles como fazíamos antes.

_ Obrigado a todos por seus comentários - respondeu Simeão. - Voltando à nossa definição de bondade, Teresa leu para nós que bondade era dar atenção, apreciação e incentivo aos outros. Você acredita que as pessoas têm necessidade de apreciação e incentivo, ou isso apenas é uma vontade?

O sargento rebateu: - Eu não preciso dessa apreciação. Diga-me qual é o trabalho a ser executado a ser executado e ele será feito. É assim que eu lidero minhas tropas, porque foi para isso que os homens se alistaram e é para isso que está sendo pagos. Por que cargas d´água devo fazer todas essas coisas mornas e macias?

O pregador respondeu primeiro: - Willian Jones, provavelmente um dos grandes filósofos que este país já produziu, uma vez disse que no centro da personalidade humana está a necessidade de ser apreciado. Acho que todos os que disserem que não têm necessidae de serem apreciados estarão mentindo a respeito de outras coisas também.

_ Vai com calma, pregador - o sargento avisou.

A enfermeira interpelou: - Greg, eu sempre admirei os militares por causa das medalhas e comendas que davam como demonstração pública de sua apreciação pelo serviço e realizações.

_ Um general sábio uma vez disse - a diretora acrescentou - que o homem nunca venderá sua vida a você, mas a dará de graça por um pedaço de fita colorida.

Eu também falei: - Imaginem se eu dissesse à minha mulher: "Querida, eu disse que amava você quando nos casamos. Se deixar de amá-la não se preocupe. Voltarei para casa uma vez por semana trazendo um cheque." Que tipo de relacionamento seria esse?

Para minha surpresa, o sargento balançou a cabeça a cada um dos comentários, sem contestar.

A enfermeira disse outra vez: - Uma das mentoras de minha vida foi a minha primeira enfermeira instrutora em trabalho de parto, há quase vinte anos. Uma vez ela me contou que gostava de imaginar cada funcionária usando aquele tipo de anúncio sanduíche. Na aprte da frente, o anúncio diria "Aprecie-me", e na de trás, "Faça-me Sentir Importante". Aquela mulher tinha grande autoridade com as pessoas. Eu só não sabia, naquele tempo, que o nome era autoridade.

A professora continuou. - Podemos manifestar bondade, uma das qualidades do amor, independentemente dos nossos sentimentos por alguém. Como já dissemos, amor não é como nos sentimos a respeito dos outros, mas como nos comportamos com os outros. Deixe-me ler o que George Washington Carver disse sobre a bondade: "Seja bom com os outros. A distância que você caminha na vida vai depender da sua ternura com os jovens, da sua compaixão com os idosos, sua compreensão com aqueles que lutam, da sua tolerância com os fracos e os fortes. Porque algum dia na vida você poderá ser um deles."

A treinadora disse: - Também acho importante elogiar as pessoas. Valorize as coisas boas que elas fazem em vez de ser como o "gerente-gaivota", que vive procurando pegar os erros das pessoas.

_ Sabe o velho ditado: "Achamos o que buscamos?" - foi a vez do pregador. - É verdade. Os psicólogos chamam isso de "percepção seletiva". Por exemplo, minha mulher e eu começamos a procurar uma minivan, e nos interessamos por uma determinada marca. Antes de procurar uma van desta marca para comprar, eu nunca prestara atenção nelas na estrada. Mas, a partir do momento em que me interessei, comecei a vê-las por todo lado! Acho que o mesmo acontece com o líder. Quando começa a procurar o bem nos outros, ficando atento para o que as pessoas fazem bem, de repente você começa a ver coisas que nunca tinha visto antes.

A professora acrescentou: - Receber elogio é uma legítima necessidade humana, essencial nos relacionamentos saudáveis. Entretanto, há duas coisas importantes a considerar. Uma é que o elogio deve ser sincero. Dois, deve ser específico. Entrar num departamento da empresa dizendo "todo mundo fez um grande trabalho" será insuficiente e pode até causar ressentimento, porque talvez nem todos tenham feito um grande trabalho. É importante ser sincero, específico e dizer: "Joe, parabéns por ter produzido duzentas e cinqüenta peças ontem à noite. Grande realização!" E nós sabemos como é importante reforçar um comportamento específico, porque o que é reforçado é repetido.

_ Vamos ver a terceira palavra em nossa definição de amor. É humildade falou, folheando o dicionário.



Humildade - ser autêntico, sem pretensão, orgulho ou arrogância



A diretora perguntou: - Qual é a importância da humildade para um líder, Simeão? Quase todos os líderes que conheço são muito egoístas e pretensiosos.

O sargento retrucou: - O líder tem que ser um chefe forte, capaz de dar um chute no traseiro quando necessário. Desculpe, mas não compro essa idéia.

O pregador interveio: - A Torá, que corresponde aos cinco primeiros livros do Velho Testamento, afirma no Livro dos Números que o homem mais humilde que jamais viveu foi Moisés. Lembre-se quem foi Moisés. Foi quem atirou as tábuas com os Dez Mandamentos montanha abaixo num acesso de raiva, quem matou um egípicio que matara um companheiro hebreu, foi aquele que estava constantemente discutindo e brigando com Deus. Ele lhe parece um tipo de homem tímido, digno de pena, Greg?

_ Qual é a sua, pregador? - Greg respondeu sarcastimamente.

A treinadora interviu suavemente: - Acho que o que queremos de nossos líderes é autenticidade, a habilidade de serem verdadeiros com as as pessoas - nós não queremos líderes inchados de orgulho e fixado em si mesmos. O ego pode de fato interpor-se no caminho e criar barreiras entre os líderes e os liderados. Os líderes arrogantes que acham que sabem de tudo são um estrago para muitas pessoas. Essa arrogância também é uma pretensão desonesta, porque ninguém sabe tudo ou tem tudo. Humildade para mim é pensar menos a respeito de si mesmo.

_ Precisamos uns dos outros - a enfermeira disse tranqüilamente. - Os arrogantes e os orgulhosos fingem que não precisam. O individualismo que predomina em nosso país é mentiroso e cria a ilusão de que não somos e não devemos ser dependentes de outras pessoas. Que piada! Um par de mãos me tirou do útero de minha mãe ao nascer, outro trocou minhas fraldas, me alimentou, me nutriu, outro ainda me ensinou a ler e escrever. Agora, outros pares de mãos cultivam minha comida, entregam minha correspondência, coletam meu lixo, fornecem-me eletricidade, protegem minha cidade, defendem minha nação. Um par de mãos cuidará de mim e me confortará quando eu ficar doente e velha, e, por fim, outro par de mãos me levará de volta à terra quando eu morrer.

Simeão folheou suas notas e disse: - Um professor anônimo de espiritualidade uma vez escreveu: "Ser humilde é ser real e autêntico com as pessoas e descartar as máscaras falsas." O que vem a seguir, Teresa?

- Respeito - a diretora começou a ler outra vez: - O respeito é definido assim: "tratar as pessoas como se fossem importantes".



Respeito - tratar as pessoas como se fossem importantes



_ Agora você me confundiu de vez! - o sargento disse. - Isto é, eu comecei a ficar nervoso quando você falou sobre influência e amor. Agora você me diz que tenho que beijar o traseiro das pessoas com bondade, apreciação e respeito. Ouça, sou um sargente, fui treinado para agir usando a autoridade, este é meu estilo. O que você me pede não é natural para mim.

_ Greg - Simeão interveio -, se eu trouxesse um general-de-exército à sua base, creio que você seria muito respeitoso e reconhecido e exibiria muitos dos comportamentos sobre os quais estamos discutindo. Usando seus termos, provavelmente eu veria muita "puxação de saco" na sua atitude, não é mesmo?

Encarando Simeão, o sargento respondeu: - Esteja certo que sim! O general é um homem muito importante e merece e terá esse respeito de minha parte.

_ Ouça o que você está dizendo, Greg! - falei. - Você está dizendo que sabe como respeitar e apreciar, você sabe como "puxar o saco", mas deseja fazer isso apenas pelas pessoas que considera importantes. Assim, você é capaz de ter comportamentos positivos, mas é muito seletivo em relação às pessoas a quem os destina.

Simeão retomou a palavra a partir daí: - Vocês acham que podemos tratar todos aqueles que lideramos como pessoas muito importantes? Imagine tratar Chucky da retroescavadeira como se fosse o presidente da companhia, ou nossos alunos como se fossem membros da diretoria, ou enfermeiras como se fossem médicos, e soldados rasos como se fossem generais. Greg, você poderia tratar cada membro de seu pelotão como se fosse um general importante?

_ Sim, é possível, eu acho, mas seria muito difícil - o sargente concordou relutante.

_ Isso mesmo, Greg - Simeão continuou. - Como sempre digo, a liderança requer muito amor. Os líderes devem escolher se desejam ou não dedicar-se àqueles que lideram.

_ Mas eu só respeito as pessoas quando elas merecem! - o sargento continuou a objetar. - Afinal, é preciso merecer respeito, não é?

A enfermeira com seu jeito suave e amigável de falar, respondeu:

_ Acredito que Deus não criou "lixo humano", apenas pessoas com problemas de comportamento. E todos nós deveríamos ser dignos de manifestações de respeito apenas por sermos seres humanos. A definição que Teresa leu foi "tratar as pessoas como se fossem importantes". Acho que deveríamos acrescentar no final da definição "porque elas são importantes". E se você não aceitar esta idéia, tente outra, a de que as pessoas deveriam "receber manifestações de respeito" justamente por serem do seu time, do seu pelotão, do seu departamento, da sua família, do seu o que querque seja. O líder deve ter um interesse especial no sucesso daqueles que lidera. De fato, um de nossos papéis é apoiá-los e incentivá-los para que se tornem bem-sucedidos.

Aquela mulher continuava a me assombrar.

Olhando para o relógio, o sargento disse: - Está bem, está bem, compreendo, mas é melhor irmos andando. Com certeza não queremos perder a cerimônia religiosa do meio-dia, não é mesmo?




Fim da parte 1 - Continua na próxima postagem!