Surge um tempinho vago. Dou logo “aquela” espiadela no
Facebook e resolvo me inteirar de como meus amigos tem tocado as suas vidas
nesses últimos dias.
Já faz algum tempo que percebi que a minha existência está
seguindo numa direção difícil de compreender. Certa vez, alguém me disse que
“somos os responsáveis por escrever nosso destino” e, “somos livres para fazer
as nossas escolhas, mas escravos das consequências”.
Parece que dedicando alguns minutos como um espectador, eu
esteja querendo mirar um estilo de vida que queira seguir, do jeito que alguém
sem referência faz para se encontrar, quando, segundo os especialistas, deveria
estar no movimento contrário: olhando para mim mesmo, identificando no cerne,
nas entranhas da alma, as angústias, aflições, medos, vontades, ou o que quer fosse que estivesse pedindo atenção.
Há duas ou três semanas atrás perdi meu celular. E confesso
que estava realmente satisfeito com ele. Eu podia correr e registrar minhas
marcas com o mycoach; dava
para jogar alguns joguinhos bobos que serviam para distrair; estava conseguindo
falar com maior frequência com a Fernanda e com meus primos pelo whatsapp, etc. O dia a dia parecia mais fácil.
Às vezes, sinto culpa por ser tão ausente. Também fico
aflito, com sensação de abandono por não escutar uma voz sequer daquelas
pessoas que me são tão importantes durante vários dias.
Então, quando me dei conta de que a coisa era maior do que
a simples perda de um aparelho como aquele, fiquei desolado e caí no choro. Para
mim, significava voltar a ter o mesmo distanciamento e ficar desconectado.
Uma coisa que me deixa confuso e irritado é o fato de saber
que, na maioria das vezes, quem esquece ou perde alguma coisa tem o desejo
inconsciente de fazê-lo. Por que, afinal de contas, eu desejaria isso para mim?
Auto-boicote mais uma vez!
É difícil falar sobre isso (passou-se uma hora desde que
comecei a rascunhar esse texto).